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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

CANANÉIA ALÉM MAR


Normalmente os pescadores esportivos, freqüentadores desta região, quando ouvem falar de Cananéia, extremo sul do Estado de São Paulo, logo à associam ao robalo. Porém é justamente nas cabeceiras das dezenas de rios que formam este, que é o 3° maior estuário lagunar do mundo, nas estações mais quentes do ano que podemos praticar nosso esporte em busca de espécies muito esportivas como as saicangas e jacundás.
Pescaria muito confortável, pois diferente da pesca no estuário, onde temos de nos vestir com roupas longas para nos protegermos tanto do sol como dos insetos, nesta modalidade estaremos, freqüentemente em  contato com a água fresca e doce como também abrigados sob a sobra das copas das árvores da mata ciliar.
Se a pesca ocorrer em rios de pouca profundidade, com predominância de pedras é essencial o uso de um bastão de apoio bem como sapatos adequados com cravas de aço e solado de feltro.
O ideal é que se faça esse tipo de pescaria subindo o rio em direção a cabeceira ou cachoeira, pois do contrário ao caminharmos sobre o leito, fatalmente revolveremos o fundo, turvando a água o que além de dificultar a visualização acabará com o elemento surpresa. Caminha-se sempre pela margem mais rasa e ao avistarmos um local propício, passamos dele somente o suficiente para ao arremessarmos podermos trabalhar nossas iscas no sentido contra corrente.
Não raro costumamos dar de cara, em poço mais fundos, com robalos que subiram o rio e como estamos utilizando material muito leve é normal perdermos algumas iscas.
As saicangas (Acestrorhynchus falcatus) também conhecidas por tajibucú,  Peixe-cachorro, Ueua e cadela magra, são peixes carnívoros alimentam-se de pequenos peixes, insetos, minhocas e pitus, costumam habitar locais de remansos, próximos a troncos, pedras, na saída de pequenos afluentes, sempre em locais que propiciam ao mesmo tempo, proteção e camuflagem para surpreenderem suas presas. Costumam estar em pequenos cardumes de 4 a 10 indivíduos, conforme o local
Gosto muito de pescá-las com equipamento ultraleve/leve, linhas até 8 lb.,  shock leader de fluorcabono 12 lb, com snap equipado com girador para iscas artificiais de meia água ou superfície e spinners pequenos
Fly, equipamento #2, com um shock tippet, utilizando-se de moscas, ninfas, e pequenos streammers são muito eficientes.
Como é um peixe extremamente veloz, não costuma ater-se muito a detalhes. Vibrou, brilhou ou se mexeu, sendo pouco menor que ela, certamente atacará. 
Jacundá é a designação comum a vários peixes do gênero Crenicichla, perciformes, da família dos ciclídeos. Possuem o corpo alongado, nadadeira dorsal contínua ocupando quase todo o dorso e, geralmente, um ocelo típico na cauda. Também são conhecidos por nhacundá e guenza.
Mutuca do Capeta


Reza a lenda que o Diabo, tomado de ciúmes da devoção que homens dispensam aos seu mortos no dia de finados oferecendo-lhes flores, velas e orações, resolveu castigá-los.
Procurou entre os seus pertences e encontrou o que precisava: O Saco das Mutucas.
“ ̶  A tar da butuca num é coisa de Deus” ̶ diz um pescador de quase 80 anos morador ribeirinho daqui, de Porto Cubatão, narrador dessa história.
̶ Essa praga vem dos inferno!
Tudo começa quando vira o vento norte, no mês de outubro; bate a lombera, aquela preguiça na gente, e o tinhoso cochila, daí afrouxa a boca do saco e já escapa arguma, daquela amarelinha, do zóio bem verdinho que chega a instralá quando a gente bate nela. As criançada chora, se for pequena e os maiorzinho se atenta, dá trabaio na escola, num inscreve, só se coça, e o coisa ruim dá risada, gosta de vê os home se batendo, chamando nome.
O calor vai armentando e com ele, nóis nessa agunia.
Quando chega o dia dos morto, aí ele abre de veiz a boca do saco e a turmada fica doida. Num sabe se acende vela , se bate na butuca ou se reza.
O seu moço qué é vê perto do Natar.
As muié faiz comida farta, os parente vem de fora, os turista da perna branca começa chegá, tudo é alegria pelo aniversário do menino Jesus e aí sim, o demônio se enerva e sorta as butuca preta. Essa morde doído, inframa; coça treis dia e dói cinco. Num deixa drumi. Chega a dá pra iscuitá a risadaria do demo lá pra baixada do Arapaçú quando muda o vento. Pois é justamente lá adonde ele vévi e se cria no meio do caraguatá. Seu moço num gosta de porva, eu digo que porva é coisa poca. É só pra atrapaiá o namoro dos amante em noite de lua grande. Mais essa já é outra história.
E vai assim nessa labuta até chegá o Carnaval, festa de fariseu.
Daí sim, fica bom.
O tinhoso recolhe as butuca de vorta no saco porque gosta de vê as muié pelada, sambando.
A graça do miserável agora é outra. Se ri é de vê os marido nervoso, cum ciúme, bebendo e se torrando nas bera dos buteco, só na raiva e na pinga,  coçando as ferida que fico, do jeitinho que ele gosta, pra fazê tudo de novo  no próximo dia dos morto.