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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mutuca do Capeta


Reza a lenda que o Diabo, tomado de ciúmes da devoção que homens dispensam aos seu mortos no dia de finados oferecendo-lhes flores, velas e orações, resolveu castigá-los.
Procurou entre os seus pertences e encontrou o que precisava: O Saco das Mutucas.
“ ̶  A tar da butuca num é coisa de Deus” ̶ diz um pescador de quase 80 anos morador ribeirinho daqui, de Porto Cubatão, narrador dessa história.
̶ Essa praga vem dos inferno!
Tudo começa quando vira o vento norte, no mês de outubro; bate a lombera, aquela preguiça na gente, e o tinhoso cochila, daí afrouxa a boca do saco e já escapa arguma, daquela amarelinha, do zóio bem verdinho que chega a instralá quando a gente bate nela. As criançada chora, se for pequena e os maiorzinho se atenta, dá trabaio na escola, num inscreve, só se coça, e o coisa ruim dá risada, gosta de vê os home se batendo, chamando nome.
O calor vai armentando e com ele, nóis nessa agunia.
Quando chega o dia dos morto, aí ele abre de veiz a boca do saco e a turmada fica doida. Num sabe se acende vela , se bate na butuca ou se reza.
O seu moço qué é vê perto do Natar.
As muié faiz comida farta, os parente vem de fora, os turista da perna branca começa chegá, tudo é alegria pelo aniversário do menino Jesus e aí sim, o demônio se enerva e sorta as butuca preta. Essa morde doído, inframa; coça treis dia e dói cinco. Num deixa drumi. Chega a dá pra iscuitá a risadaria do demo lá pra baixada do Arapaçú quando muda o vento. Pois é justamente lá adonde ele vévi e se cria no meio do caraguatá. Seu moço num gosta de porva, eu digo que porva é coisa poca. É só pra atrapaiá o namoro dos amante em noite de lua grande. Mais essa já é outra história.
E vai assim nessa labuta até chegá o Carnaval, festa de fariseu.
Daí sim, fica bom.
O tinhoso recolhe as butuca de vorta no saco porque gosta de vê as muié pelada, sambando.
A graça do miserável agora é outra. Se ri é de vê os marido nervoso, cum ciúme, bebendo e se torrando nas bera dos buteco, só na raiva e na pinga,  coçando as ferida que fico, do jeitinho que ele gosta, pra fazê tudo de novo  no próximo dia dos morto.

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